Viagens...

The Art of Doing Nothing

Sim, é realmente uma arte... Há que saber não fazer nada...

Estar sentada na varanda, a apanhar o fresco do mar e a ler um (bom) livro é uma arte... Poderia até ser uma pintura! Assim daquelas ao estilo romântico...

Há que saber deixar deambular o espírito... Fruir a imaginação... Construir, com pensamentos, uma realidade paralela que nos permita não pensar no rebuliço lá fora e usufruir dos tempos de ócio...

Mas, fundamental, é saber a arte de não fazer nada no dia-a-dia... Um pouco ao jeito do: não é preciso ser, é preciso parecer...

Infelizmente nunca tive alma de artista... Deve ser por isso que estou tão contente por ter um fim-de-semana onde posso não fazer nada.

Não segui atentamente o programa, pelo que poderei ser injusta numa ou outra observação que aqui vou deixar... Mas dada a minha indignação, prefiro correr o risco...

Na passada semana ia no Metro e reparei numa notícia de um desses jornais de distribuição gratuita - que enchem o chão das carruagens, os caixotes do lixo, mas que pelo menos têm a virtude de pôr muita gente a ler qualquer coisa -, relativa àquele programa da RTP intitulado " O melhor português" ou lá como é que se chamava. Da leitura na diagonal que fiz retirei que, aparentemente, a "estação de televisão de todos os portugueses" (estes clichés matam-me!) estava receosa face à possibilidade de ganhar o outro senhor que caiu da cadeira.

E não é que ganhou mesmo?!

Enfim, eu não sei se os culpados foram os conterrâneos lá de Santa Comba Dão - que agora até têm um museu e talvez estejam a precisar de uma certa publicidade -, mas não deixa de ter a sua piada... Até porque, são os jovens tantas vezes injuriados por não saberem nada do 25 de Abril, e num programa de televisão em que o resultado depende da vontade do público, ganha logo o papão da Ditadura. É que vejamos: se os jovens não sabem nada do 25 de Abril, muito menos saberão quem foi o senhor que caiu da cadeira...

Não deixa de ser interessante a observação que era feita na tal notícia que comecei por referir e que, grosso modo, dizia o seguinte: "Os portugueses de meia idade são salazaristas às segundas e terças; e abrilistas às quartas, quintas e sextas". Ora bem... Atrevo-me a dizer que ao sábado e ao domingo também participam no jogo das cadeiras...

Enfim... É o que temos...

É um facto: depois de quase uma semana entre casa e hospitais, uma pessoa fica assim meio aparvalhada, sem assunto para o blog...

Poderia contar-vos como decorreram estes belos dias... Descrever a odisseia que foi sair um bocadinho à rua, sozinha, só para apanhar um bocadinho de sol... Ou o quanto me canso a tomar banho...

Poderia dizer-vos quantas vezes fui picada, as litradas de soro que me atiraram para a veia (visto estar quase tão seca como o Sarah) ou, então, simplesmente, contar o quão emocionante foi a minha primeira viagem de ambulância...

Mas parece-me que mais importante que tudo isso (embora menos maléfico, menos sarcástico, enfim: menos interessante) é agradecer a todos aqueles que, mais uma vez, estiveram por perto.

OBRIGADA.

Dia Internacional da Mulher

Ser-me-ia fácil enumerar uma série de áreas em que somos especiais (porventura, únicas) e que justificariam francamente este dia...

Mas enaltecer um (só) dia pode ser contraproducente. Poderia parecer suficiente! Daí não ser minha intenção dar grande destaque à ocasião (?)... Apenas não poderia deixar de dar a conhecer a sms que hoje me foi enviada (duas vezes) e que me deixou com algumas inquietações, entre elas a seguinte: o que se pretende com este dia: enaltecer a mulher ou denegrir a figura masculina?

Enfim, deixo a questão... Entretanto, o textozinho da dita:

Um brinde a nós mulheres! Aos homens que nos têm, aos otários que nos tiveram, e aos sortudos que terão o prazer de nos conhecer!

PS - Não é que eu não consiga enquadrar um ou outro nas categorias... Mas tal como diria alguém (ou dizia, que agora não me fala): não é o lugar próprio!

De acordo com a revista Prevenir do mês de Março, a cadeia de fast-food MacDonalds resolveu instalar ginásios infantis junto de sete pontos de venda nos EUA. O plano insere-se numa estratégia de luta contra a associação do nome da popular cadeia à obesidade infantil.

Consta que têm bicicletas estáticas, cordas para escalar, pistas de dança e cestos de basquetebol...

Ora, pergunto eu: estarão eles a querer fomentar o consumo de hamburgueres, abrindo o apetite às criancinhas com exercício antes da paparoca, ou apenas a auxiliar os que sofrem de bulimia, facilitando os mecanismos de indução do vómito?

Uma coisa eu sei: no domingo tentei cortar ao meio um hamburguer da dita cadeia e foi quase tão difícil quanto cortar plástico... Mas soube tão bem!

É o mal que faz, pelo bem que sabe. Contingências de uma vida que se quer prazeirosa.

"Então e se fizer um corte num dedo onde vou?!" - perguntava uma das manifestantes ao repórter, na tentativa de justificar a sua luta contra o fecho das urgências do hospital da terra...

Parece-me ilustrativo do estado de coisas... Fundamentalmente, da confusão estabelecida na cabeça das pessoas entre o que deve ser um serviço de urgências, para que é que ele serve, e o uso que lhe é dado nos meios mais pequenos...