Sunday, March 2, 2008

A minha mãe reclama, diariamente, pela falta de espaço... E atribui as culpas à minha pessoa. Tudo se deve, diz ela, ao facto de eu não deitar as coisas velhas fora - nomeadamente a roupa que deixo de usar (e que até podia oferecer)...

Eu tento acalmá-la com a recente frase "deixa lá, já falta pouco", mas parece que ainda contribuo mais para o empolamento da questão, porque de seguida ouço: "pois, mas tenho a certeza que quando fores para a tua casa não vais levar essa porcarias! Vais fazer uma escolha e levar só o que interessa! Eu devia era obrigar-te a levar tudo! És pior que as velhas!"...

Ora, efectivamente tenho de reconhecer que me apego um bocadinho às minhas coisas... E mesmo no que respeita a roupa, tenho sempre aquela ideia de que, se calhar, quem sabe, um dia pode apetecer-me voltar a vestir... Costumava ser assim também com as pessoas. Não gostava de perder aqueles com quem me relacionava - por vezes até me sujeitava um pouco a situações menos simpáticas, tudo pela razão única de que gostava deles.

Sucede, porém, que comecei a relativizar os acontecimentos - descobri-o esta semana. E se é certo que continuo a manter o meu roupeiro cheio de velhas peças de roupa inúteis, a verdade é que perdi a vontade de manter na minha vida pessoas que se preocupam mais em criar conflitos do que, propriamente, em viver o dia-a-dia. Parece frio, eu sei... Mas as coisas velhas que tenho no meu roupeiro não pedem explicações, não têm atitudes infantis, não me querem obrigar a fazer coisas que, num ou outro dia, não me apetece...

Porque é que algumas pessoas não percebem que é muito melhor estarem com os outros poucas vezes, mas quando também lhes apetece, do que diariamente obrigados? Era muito mais simples.

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